Testemunho Tatiana Costa

Sou a Tatiana Costa, tenho 42 anos. Sou brasileira, empresária e vivo em Cascais, em Portugal.

Em 10 de junho de 2018, acordei a meio da noite com muitas tonturas e com visível falta de equilíbrio. Na verdade, não conseguia ficar de pé.

O meu marido levou-me de imediato ao Hospital de Cascais e, durante uns longos e ansiosos cinco dias, continuava com aqueles sintomas.

Durante este período fiz, primeiro, uma TAC, porque pensavam que tinha tido um AVC. Depois fui submetida a uma ressonância magnética sem contrate e outra com contraste.

O resultado destes dois importantes exames, ou seja, o diagnóstico que o médico me fez e comunicou foi muito desanimador, porque me disse que tinha localizado no meu cérebro dois cavernomas, doença que desconhecia totalmente.

Ao fim destes dias, marcaram-me uma consulta, para ser acompanhada por um neurocirurgião, no Hospital Egas Moniz. A consulta só aconteceu em outubro desse ano de 2018.

Durante este intervalo de tempo, fui ainda vista por dois otorrinolaringologistas. Um deles afirmou serem os cavernomas que me causaram as frequentes tonturas de que me queixava.

O outro otorrinolaringologista afirmou que o mal-estar permanente poderia estar relacionado com os cristais do ouvido.

Durante este período também tive vómitos e muitas dores no estômago. E medicaram-me para alívio destes sintomas. Com o passar do tempo, as dores abrandaram e por isso diminui a toma diária do medicamento.

O neurocirurgião disse-me que tinha de ser acompanhada para saber se há alterações ou não, no eu cérebro. Portanto, faço, desde essa altura, todos os anos, uma ressonância magnética.

Desde essa altura, que não me posso esquecer que não posso baixar a cabeça repentinamente, e também não posso ter o prazer de um bom mergulho, na praia.

Também perdi a capacidade de concentrar-me na leitura de um bom livro, prazer de que tanto gosto.

Ao conduzir, no trânsito, se circulo a velocidades muito altas, sinto que não consigo controlar o volante do meu carro.

Mas, apesar de estes sintomas, não me foi recomendado qualquer tipo de sessões de reabilitação ou terapia, para remediar o incómodo.

Passados estes anos, preocupa-me não saber como será o meu futuro, porque a falta de informação que há sobre a doença e perceber o que pode causar em mim.

O que sei é que poderia ter ficado assintomática como muitos casos que sei que existem. No meu caso particular, deparei-me com picos de stress, frequentes alterações de humor repentino, que não me lembro de ter até 2002, quando ainda vivia no Brasil.

À minha volta, os meus familiares e amigos notam e queixam-se dos picos de stress e algum descontrolo, que tenho algumas vezes, principalmente quando tenho que me pronunciar sobre algo que me incomoda (fico sempre tão nervosa e furiosa!).

E não consigo verbalizar da melhor forma o que tenho para dizer, causando sempre desconforto para quem está ao meu lado e ao meu redor.
A minha família mais próxima começou a perceber o transtorno que estes sintomas causam constantemente em mim. Os meus amigos ainda não sabem o que se passa comigo.